Era uma vez um sapo. Gordo e enorme. Diferente!
Quando apareceu na cidade, as pessoas, embasbacadas, não resistiam à tentação de olhar para ele uma, outra e outra vez ainda. Desproporcionado e repugnante, ele era, no entanto, tão alegre e transbordava uma tal confiança que se tornava deslumbrante.
Um dia, sem explicação para o sorriso tranquilo com que o sapo gordo e diferente cumprimentava as pessoas que se cruzavam com ele na rua, um menino interpelou-o:
— Olhe lá, sr. Sapo, como é que consegue ser tão simpático e feliz com esse corpo tão feio e disforme?
— Eu sou diferente porque gosto muito de aparas de lápis que, como se sabe, contêm todas as vitaminas das palavras. Quando eu como aparas de lápis aprendo tanto, tanto, tanto, que a minha memória incha, incha, incha como um balão de brincar; quanto mais aprendo, mais feliz me sinto e quanto mais feliz, mais gosto de aprender e mais aparas de lápis devoro. Um destes dias vou mesmo rebentar, não por saber muito, mas de felicidade por nunca ter desistido de aprender.
Mas não estoirou: o sapo diferente agora rebola. De felicidade!
E tem amigos por toda a cidade. Devoradores, como ele, de aparas de lápis.
Escritor
José António Franco
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